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A Psicanálise é uma Farsa! Sera?

Atualizado: 7 de ago.

Hoje trouxe um assunto bem diferente nesse blog. O título assusta, mas basicamente é isso que foi dito em um novo livro que está causando muita discórdia.

Essa semana muitos psicanalistas se retorceram quando a microbiologista e divulgadora científica paulistana de 47 anos, Natalia Pasternak incluiu a psicanálise como "uma pseudociência" no seu novo livro "Que Bobagem! Pseudociências e Outros Absurdos que Não Merecem Ser Levados a Sério (editora Contexto), criado por ela e o jornalista Carlos Orsi (seu marido).



Nesse artigo você vai ler:



Aproveite a leitura e não deixe de comentar e compartilhar esse post!


Imagem de Sigmund Freud

Imagem que indica que a psicanálise é uma farsa

Entenda a Polêmica do Livro Que Bobagem!


O livro ainda está quente, pois acabou de sair. E mesmo com pouco tempo já causou um grande alvoroço dentro das áreas mencionadas como pseudociência na obra.


Autores do Livro "Que Bobagem!"


Foto de Natália Pasternak

Natalia Pasternak Taschner, é microbiologista, com PhD e pós-doutorado em Microbiologia, na área de Genética Bacteriana na Universidade de São Paulo. Além de escritora é professora de Ciência e Políticas Públicas na Universidade de Colúmbia (EUA).

É divulgadora científica brasileira e fundadora do Instituto Questão de Ciência. É também a e primeira presidente e a primeira brasileira a integrar o Comitê para a Investigação Cética.

Criadora e desenvolvedora do Blog Café na Bancada


(Foto: Cristina Pye)



Foto de Carlos Orsi

Carlos Orsi é Jornalista, formado pela Escola de Comunicações e Artes - ECA USP e escritor. É um escritor brasileiro de ficção científica e horror e jornalista especializado em divulgação científica.

Atualmente é editor-chefe da Revista Questão de Ciência e um dos diretores do Instituto Questão de Ciência.

Foi repórter especial e colunista de vários jornais e revistas. Mantém o blog carlosorsi.blogspot.com


(Foto: Paulo Vitale)



Sobre o Livro "Que Bobagem! Pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério"


Foto do livro  "Que Bobagem! Pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério"

Acabou de sair pela editora Contexto e segundo seus "defensores" promete desestruturar ideologias e vieses que estão enraizados na sociedade. O livro confronta temas, que segundo os autores, a maioria das pessoas não questionam.

Os autores têm grande influência no meio científico e são conhecidos pela "luta" contra os "mitos" e as pseudociências.

O livro tem linguagem acessível e muitas referências bibliográficas.

O intuito principal dos autores nessa obra é chamar a atenção para a importância do pensamento crítico e principalmente a utilização dos métodos científicos para incluir ou não, determinados estudos como "ciência". Segundo os autores, a ciência é a maior arma contra as charlatanices disseminadas e bem estabelecidas na sociedade.


Se você se identifica com a Psicanálise e acredita que esse livro é uma "heresia", calma... Você não está sozinho. O assunto desse post é a Psicanálise, porém o livro dispara uma metralhadora giratória em várias áreas. Os autores apontaram para doze áreas, e dividiram o livro em doze capítulos. Ou seja, então não se sinta um alvo isolado, muita gente "foi alvejada"


Seguem os alvos do livro!


Os capítulos são:


  • Psicanálise,

  • Acupuntura e Medicina Tradicional Chinesa,

  • Homeopatia,

  • Astrologia,

  • Curas Naturais,

  • Curas Energéticas,

  • Modismo de Dieta,

  • Psicanálise e Psicomodismo,

  • Paranormalidade,

  • Disco Voadores,

  • Pseudoaqueologia,

  • Antroposofia,

  • Poder Quântico.


Ou seja, a obra classifica como pseudociência todas as práticas listadas acima.


Um dos principais pontos dos autores apontadas na obra, é a "ausência" de estudos que comprovem a eficácia dessas práticas. Então, antes de me aprofundar no assunto (somente a psicanálise) é preciso deixar algumas coisas em evidência.


O Que é Ciência?


A ciência é um mecanismo de construção de conhecimento. Ela é baseada em um conjunto sistemático de etapas, normas e técnicas. Ou seja, não é só a produção de conhecimento, mas também a sistematização desse conhecimento através de um método, o método científico.

O método é o modo de funcionamento das ciências, é fundamentado na observação, na experimentação e na produção de teorias e leis. As teorias são constantemente testadas, visando sua comprovação ou substituição por outra teoria que resista à checagem. Ou seja, talvez alguma coisa que entendemos por fato hoje, pode não resistir a uma nova checagem amanhã. O objetivo da ciência é explicar, descrever e prever os fenômenos. Para que constantemente possam ser verificados e reproduzidos. Para que depois seja possível formular teorias, previsões e leis (Fonte: Brasil Escola - O que é ciência?).


O que é Pseudociência?


Pseudociência não é o que não é científico, mas sim, aquilo que tentar se parecer com ciência. Pseudociência é qualquer coisa que se apresenta como ciência, mas não realidade não é. Carregar o nome "científico" gera um certo grau de autoridade, pois se pressupõem que aquilo foi testado, verificado e pode ser reproduzido. Ou seja, a ciência tem credibilidade e é muito bem vista pela grande maioria das pessoas. Porém, a grande maioria das pessoas não fazem ideia de como é a produção da ciência ou sabem como funciona o método científico. Logo, se alguém diz que alguma coisa é científica, faltam recursos cognitivos para julgarmos se é ou não científico.


Problemas epistemológicos das psicoterapias


Epistemologia representa o estudo do conhecimento e suas formas. Ou seja, ela estuda o conhecimento e a formação desse conhecimento, olhando para a forma, não para o conteúdo desse conhecimento. A epistemologia analisa como o conhecimento é adquirido, justificado e validado pelas pessoas. Ou seja, é o estudo que visa encontrar as condições necessárias e suficientes para validar o resultado de uma afirmação específica. A epistemologia está preocupada com o conceito de conhecimento e com a sua validade. Então na prática, é a ciência" que valida e embasa a ciência.

Com isso claro, é preciso apontar que há inúmeras limitações para a utilização dos métodos científicos nas psicoterapias. Se a psicologia entende que as pessoas são "únicas" e cheias de subjetividades. Existe aí, de modo geral, uma limitação epistemológica na validação das psicoterapias.


A Psicologia é uma Ciência?


É comum ouvirmos que a psicologia está mais próxima da filosofia e ética, do que da ciência. E por mais duro que possa parecer, essa frase não está de totalmente errada. A psicologia é considerada uma ciência quando utiliza os métodos das outras ciências, ou seja, quando estabelece hipóteses e as testa em laboratório as vezes usando métodos próximos da biologia ou medicina. Essa aproximação fica bem mais clara na abordagem comportamental da psicologia. Daí o erro de acreditar que essa abordagem é a única abordagem "científica" da psicologia. O objeto de estudo da psicologia é o indivíduo como um todo, e talvez o comportamento mais importantes para nós, é o comportamento privado, ou seja, o que pensamos e sentimos. Continua, portanto, a questão até os dias atuais sobre como estudar cientificamente o que uma pessoa pensa e sente, se ela não diz o que está pensando ou sentindo. A psicologia se apresenta como uma ciência de epistemologia plural, que visa a formar um profissional generalista e se propõe a estudar o homem em todas as suas expressões, visíveis, não visíveis , singulares e genéricas. Não existe um sistema epistemológico único nas psicoterapias, pois cada abordagem se dedica em sua estrutura teórica, focando nos aspectos dessa estrutura. Dizer que o indivíduo é a unidade básica de estudo da psicologia significa dizer que, mesmo ao estudar grupos, o indivíduo permanece o centro de atenção.

Os processos mentais são a maneira como a mente humana funciona. Pensar, planejar, tirar conclusões, fantasiar e sonhar. O comportamento humano não pode ser compreendido sem que se compreendam esses processos mentais, já que eles são a sua base.

Então para responder essa pergunta (psicologia é uma Ciência?) é muito difícil, algumas pessoas vão dizer que não, outras que sim e uma terceira via (onde me incluo) é que a psicologia é um outro tipo de ciência. Não como as ciências da natureza ou como as ciências biológicas ou exatas. A psicologia é uma ciência da compreensão, ou seja, também utiliza de outros métodos sistemáticos para estudar a complexidade que é o ser humano.


A Psicanálise é uma Ciência?


Pronto... Agora, com as explicações fica mais fácil continuar o raciocínio.

Então quando perguntamos se a Psicanálise é uma Ciência, podemos estender à outras abordagens da psicologia a mesma pergunta (esse é um assunto para outro post).

Bom... respondendo a pergunta.

Não. A psicanálise não é ciência!

Apesar do esforço inicial de Freud, os expoentes da psicanálise na atualidade não inserem a psicanálise como ciência,bem como também não a inserem nem mesmo dentro da própria psicologia. Existem milhares de estudos e artigos científicos, mas isso não determina o que é ou não ciência. Então da forma tradicional a Psicanálise não se enquadra como ciência, mas vale lembrar que ser científica ou não científica não invalida ou sua eficácia.



A Psicanálise é Pseudociência?


Absolutamente não! A maioria absoluta dos psicanalistas renomados, entendem que a psicanalise não é uma ciência. Logo, se não se apresenta com científica, não pode ser pseudociência. Isto é, a questão da cientificidade da psicanálise não é decisiva para a prática clínica, mas isso não desautoriza a validade epistêmica da psicanálise, porque existem outras epistemologias possíveis.


Natalia Pasternak e Carlos Orsi, sobre o Livro


A autora fala o objetivo do livro é mostrar para as pessoas por que algumas práticas, que são popularmente tidas como ciência, como astrologia, homeopatia, algumas dietas da moda, suco detox, etc. Não passam de bobagens pseudocientíficas. Ainda de acordo com a autora, o livro "Que Bobagem!" é um livro que a gente sabe que vai fazer barulho (Entrevista no podcast ONU News: ).


Ele vai incomodar, mas ele é um livro necessário. E ele é um livro que a gente espera que as pessoas leiam antes de criticar. Estamos absolutamente abertos a críticas, mas depois de lerem o livro.

Em entrevista (concedida a O Estado de S.Paulo no dia 17 de julho), a dupla de autores comenta que a obra "explica o contexto histórico onde aquelas pseudociências ou crenças nasceram, o contexto social e político da época, as evidências científicas, se já foi testada, como foi testada, o que a melhor evidência diz".

"A gente explica quais são as alegações de como aquela pseudociência poderia funcionar ou como as pessoas acreditam que ela funcione. E tudo isso não é a nossa opinião, tudo está absolutamente referenciado em publicações científicas e de divulgação científica por mestres como Martin Gardner, Carl Sagan, James Randi.

Se você olhar a bibliografia do livro, ela é extensa. E alguém que escreve uma nota de repúdio dizendo que os autores não sabem do que estão falando corre o grande risco de dizer que todas as nossas referências também não sabem do que estão falando", disseram.


Reações sobre o Livro e no mundo da Psicanálise


Psicanalistas vieram a público afirmar que Pasternak e Orsi ignoram estudos que seguem padrões metodológicos científicos e mostram a eficácia da prática psicanalítica.


Cristian Dunker, psicanalista e professor de psicologia da Universidade de São Paulo (USP), acredita que a psicanálise até pode não se enquadrar no conceito de ciência específico tratado pelos autores , o qual, por si só, já é repleto de problemas e contradições próprias. 

"Temos evidências, participamos do debate científico, estamos na história da ciência. E pelas evidências e pesquisas que a gente dispõe, a psicanálise não é uma pseudociência",

Mas, na visão dele, isso não significa que a prática não tenha evidências comprovadas, como argumentam Pasternak e Orsi (Artigo produzido pelo Terra - Psicanálise é ciencia?).


Muitos especialistas defendem que algo merece ser considerado uma ciência quando há uma consideração predominante pelos dados, que estão disponíveis para todas as partes interessadas, e quando a teoria é orientada por dados e muda em resposta a novas observações.

Essa é uma visão mais tradicional. Segundo esse ponto de vista, o progresso da teoria é cumulativo, e o modelo original pode servir de base para modelos mais novos.




"A escolha demonstra não só um equívoco epistêmico, mas uma irresponsabilidade com um campo do pensamento que muito contribuiu para tudo o que se consolidou até aqui em relação ao estudo da mente e da subjetividade humana..."



" A psicanálise nasce da incapacidade dos métodos tradicionais em oferecer respostas às doenças mentais... o método tradicional não alcança a compreensão dos fenômenos mentais que os métodos hermenêuticos são necessários.

Não esqueçamos que o movimento iniciado pela psicanálise retirou do limbo uma infinidade de doentes mentais que eram desprezados por cientistas para os quais o inconsciente não existia, e que lidavam com esses pacientes com base no ultrapassado e desumano pensamento de que se a ciência deles não os entende, então eles não estariam doentes, seriam fraudes"


A psicanálise é uma farsa?


Com relação ao título provocativo, fica uma pergunta, a Psicanálise é uma farsa?

Bom, depois de tudo explicado e detalhado, como um bom psicoterapeuta, deixo a resposta para você.

Comenta aí, depois de tudo que leu, você acha que a psicanálise é uma farsa?


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1 Comment

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Guest
Aug 07, 2023
Rated 5 out of 5 stars.

Gostei muito. Tambem acho que a Psicanálise não é uma farsa não, acredito muito no processo.

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